Presidente da Amagis-DF ministra aula sobre Racismo Institucional no PJC

4 7 2017 aula dr. Fábio

No dia 25/8, o juiz do TJDFT Fábio Esteves, titular da Vara Criminal e Tribunal do Júri do Núcleo Bandeirante, e Presidente da Associação dos Magistrados do Distrito Federal e Territórios (AMAGIS-DF), ministrou aula sobre Racismo Institucional na sede do  Programa Justiça Comunitária - PJC, no Fórum de Ceilândia. A aula contou com a interatividade dos Agentes Comunitários de Justiça e Cidadania (voluntários do Programa), servidores e convidados.

O encontro foi aberto pela Coordenadora do PJC, juíza Gláucia Foley, que enfatizou sua sintonia com o palestrante e o fato de ambos se dedicarem a programas que promovem a cidadania. O juiz Fábio Esteves coordena o projeto “Falando Direito”, que busca desenvolver o protagonismo de jovens na condição de cidadão por meio do ensino do Direito ou em preparatórios para vestibulares e concursos públicos.

Mesclando humor e emoção, o magistrado compartilhou sua origem e trajetória familiar e falou sobre sua jornada como estudante e profissional. Comentou sua experiência de 15 anos de trabalho numa instituição financeira, antes de assumir a magistratura: “até hoje guardo meu crachá, em que se lia ‘menor carente’. Ao longo de 15 anos de banco, não tive sequer um colega negro. Hoje, depois de 11 anos como juiz, bem como vice-presidente e agora presidente da Amagis, experimento outras situações". Segundo o juiz, ao longo de nossa história, deu-se ao negro um papel dito ‘menor” e vê-lo hoje num outro, diverso daquele que lhe foi destinado, é como se ele estivesse num lugar errado. "Parece que aquele não é seu lugar. Incomoda”.

O juiz Fábio Esteves esteve à frente da organização do I Encontro de Juízas e Juízes Negros do Brasil, promovido em maio deste ano pela Amagis, com apoio da Associação Brasileira de Magistrados - AMB, e sediado no TJDFT. “Demorei dez anos para buscar uma reflexão mais ampla no Tribunal de que faço parte. E foi um desafio inimaginável, reações inesperadas, mas muito bom para avaliarmos essa questão. Uma população majoritariamente negra e parda não está minimamente representada em nossas instituições. Vivemos uma ausência... Somos muito diferentes e isso dificulta um acesso igual para todos”.

Durante a aula, o magistrado ainda interagiu com os presentes, ouviu histórias e casos de racismo. Por fim, ressaltou: "Justiça Comunitária tem esse papel, de provocar essa reflexão! É preciso saber que se tem um sistema de justiça que tem responsabilidades e uma complexa forma de atuar".

No dias 26, 28 e 29/9, a Escola de Formação Judiciária do TJDFT - Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro promove, em parceria com o Programa Justiça Comunitária, o curso “O Judiciário e o compromisso com a promoção da Igualdade Racial”, que terá como público-alvo os servidores do Tribunal. Em breve, as inscrições estarão na página da Escola.